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Depressão Infantil - por Dr. Clay Brites, pediatra e neurologista infantil

Depressão Infantil - por Dr. Clay Brites, pediatra e neurologista infantil
A depressão infantil ou mesmo episódios de crises depressivas na infância deve sempre chamar a atenção de pais, cuidadores, escolas e profissionais de saúde. O diagnóstico tardio pode fazer com que a criança mantenha os sintomas da depressão infantil para a fase da adolescência e quando adulta eternizando os prejuízos sociais e afetivos. É importante que os pais observem alguns sinais que podem revelar traços da doença para que o sofrimento do filho seja interrompido ou suavizado. Neste sentido, deve-se compreender, apoiar e buscar auxílio de especialistas para ajudar a criança com depressão.  

 

Alguns sintomas são:  dificuldades acadêmicas emergentes ou de longa data; problemas de relacionamento com os colegas de classe; falta de concentração e desinteresse em aprender; tristeza excessiva, constante e que leva a isolamento; irritabilidade sem motivo aparente; tédio, pouca energia para as atividades e relacionamentos; baixa autoestima; descrença em si mesmo; dores de cabeça ou de barriga ou nos membros inferiores;  entre outros. 

 

Além da possibilidade de se utilizar medicações específicas, há diversos tipos de tratamentos psicológicos como, por exemplo, a Terapia cognitivo-comportamental (TCC). Trata-se de uma intervenção que atua sobre os pensamentos negativos causados pela depressão trabalhando na criança formas racionais e de autocontrole na busca de ações que a ajudem a lidar com eles e os redirecionando para situações e estados emocionais positivos.

 

Há também a psicoterapia de orientação psicodinâmica. Essa intervenção é responsável por envolver a reativação do processo de desenvolvimento normal. Isso significa que as experiências na relação terapêutica contribuem bastante para revisões construtivas de si mesmo, expressando-se em mudanças nas representações de negativas de si e das outras pessoas, por meio do aprimoramento de habilidades reflexivas da criança. Este modelo de terapia proporciona aos pequenos a possibilidade de explorar melhor a liberdade interna, além de otimizar suas capacidades adaptativas.

 

Ainda há a psicoterapia interpessoal. Esse modelo terapêutico procura fazer conexões entre o início dos sintomas da depressão infantil e os problemas interpessoais enfrentados atualmente pela criança. Tal intervenção lida mais com os relacionamentos dos pequenos com as pessoas. Isso enfatiza mais o contexto social imediato do paciente. O profissional busca intervir na formação dos sintomas e na disfunção social atribuída à depressão do que propriamente em aspectos da personalidade do paciente.

 

Como todas as condições neuropsiquiátricas, a depressão infantil também pode envolver comorbidades. Estudos sugerem que essa condição pode vir acompanhada de outros transtornos comportamentais, neurológicos e distúrbios de desenvolvimento associados. Ela pode ser diagnosticada em crianças que convivem com Transtorno de Ansiedade (TA), Transtorno de Conduta (TC), Transtorno Opositor Desafiador (TOD) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Dislexia e Migrânea.

 

De acordo com pesquisas, o aparecimento de depressão infantil pode estar ligado a fatores tanto genéticos quanto ambientais tais como: história familiar de depressão e transtorno bipolar,  uso precoce de álcool e história de alcoolismo na família, abuso físico e sexual; presença do TDAH (especialmente o do tipo desatento), perdas pessoais (de pais, irmãos e amigos); condutas inadequadas por parte dos responsáveis, bullying,  entre outros.

 

(*) Pediatra, neurologista infantil e um dos fundadores do Instituto NeuroSaber

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