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Diferente de você, a trombose não entra de férias

Divulgação

A chegada do final de ano marca o início de um período em que as longas viagens dominam os roteiros familiares; no entanto é importante ter alguns cuidados durante a viagem, seja de avião ou viagens longas de carro e ônibus, principalmente para evitar o risco da trombose venosa profunda. Embora muitas pessoas não se preocupem com isso, existe uma série de hábitos típicos de viagem, que podem ser prejudiciais.

 

O alerta é necessário já que mais de mil pessoas já foram internadas e 127 morreram de trombose na Bahia neste ano. Segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), os números referentes às internações por embolia e trombose arterial nos hospitais da rede estadual registraram um aumento de 28,9%, entre 2019 e 2022.

 

De acordo com o angiologista e cirurgião vascular Dr. Ronald Fidelis, o risco maior de desenvolver trombose venosa se dá principalmente nas viagens mais longas, diante da impossibilidade de andar ou movimentar as pernas durante extensos períodos de tempo.

 

“Esse fator, somado com a desidratação, acaba fazendo com que o sangue coagule dentro da veia da perna.  A má circulação dos membros inferiores, quando associada a fatores genéticos, obesidade, diabetes, sedentarismo, hipertensão e tabagismo, pode causar a trombose venosa profunda. Neste caso, o problema também é conhecido como ‘síndrome dos viajantes’”, explica.

 

Segundo o especialista, um dos fatores que contribuem para esse quadro são as poltronas de aviões e ônibus que limitam a mobilidade do passageiro, fator que também dificulta a circulação. A preocupação se dá em percursos com duração superior a 5h. “As poltronas do avião são apertadas assim como as de ônibus, com isso o passageiro fica retraído e isso favorece a formação de trombose nas pernas”, observa.

 

O médico também ressalta que a trombose geralmente se forma nas veias da panturrilha, e que ela pode também se alojar nas coxas, e de modo mais raro, nos membros superiores.

 

“Como principais sintomas da trombose venosa profunda, nós temos as dores nas pernas, coloração do membro mais avermelhada ou próxima ao roxo, formigamento e adormecimento. Mas é importante ressaltar também que o problema pode estar oculto, sendo diagnosticado apenas através de exames específicos”, aponta.

 

Ainda segundo Fidelis, uma das principais preocupações para os pacientes que desenvolveram a trombose venosa profunda é que o coágulo se desprenda da veia e se mova pela circulação até o pulmão, o que causa a embolia pulmonar.

 

“Já a longo prazo há risco de varizes e insuficiência venosa crônica, desencadeada pela destruição das válvulas do interior das veias, responsáveis por levar o sangue venoso de volta ao coração”, indica.

 

Segundo ele, a preocupação se dá, principalmente, entre os adultos com idade a partir de 40 anos. Já em casos de pessoas mais jovens, o cuidado deve ser ainda maior entre as pessoas com condições preexistentes, a exemplo da obesidade, sedentarismo, entre outros. "Mas se falamos de uma pessoa não obesa, não cardiopata, que leva uma vida 'normal', essa preocupação em torno da prevenção da trombose deve existir a partir dos 40 anos.

 

Outro ponto importante é que as mulheres, em função dos hormônios, possuem uma pré-disposição maior à condição", aponta.

 

Orientações

Diante deste quadro, o angiologista dá algumas orientações que podem ajudar as pessoas que forem viajar. Segundo Dr. Ronald, fazer caminhadas pela aeronave ou ônibus, inclusive na ida ao banheiro, porque ajuda a melhorar a circulação. A hidratação também contribui para prevenir o aparecimento de trombose.

 

“A água afina o sangue e diminui o risco da formação de coágulos. Também há a indicação de se sentar no corredor para facilitar a movimentação, usar meia elástica e evitar o consumo de bebida alcoólica e café, e medicamentos que estimulam o sono”, diz. Atualmente, já existem meias mais "palatáveis", ou seja, que são mais "finas" e não causam tanto incômodo.

 

Tratamento

O objetivo do tratamento da trombose venosa profunda é evitar a progressão e o surgimento de novos sintomas, e com o tempo, o próprio organismo vai ajudar a absorver os trombos, melhorando a circulação. Para isso, são administrados anticoagulantes, que podem ser de diversos tipos, e possuem o objetivo de inibir os fatores de coagulação, podendo ser utilizados em casa, sem necessidade de internação, logo após o diagnóstico.

 

Existem ainda outras drogas, que devem ser usadas com mais cuidado, como as fibrinolíticas, que agem dissolvendo os coágulos. No entanto, por apresentar mais complicações o medicamento é administrado em ambiente hospitalar.

 

Já em casos em que o paciente apresenta dor, desconforto ou edema, após realizar uma viagem de avião, ônibus ou carro, o especialista ressalta que é de extrema importância buscar um angiologista ou cirurgião vascular, para que se possa identificar o problema o mais rápido possível.

 

“O cirurgião vascular ou angiologista é o médico habilitado a fazer o exame e a suspeita diagnóstica da trombose. A partir disso, ele irá definir o tratamento correto para diminuir as chances de o paciente ter complicações graves”, observa.

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