A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em 1º de dezembro, a abertura de uma proposta de consulta pública para revisar a proibição de cigarros eletrônicos no Brasil. Desde 2009, uma resolução da entidade proíbe a fabricação, a comercialização, a importação e a propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar, popularmente conhecidos como vape. De acordo com a decisão da Anvisa, a sociedade civil terá 60 dias para manifestar-se sobre o tema na consulta pública.
Embora proibidos no Brasil, os dispositivos eletrônicos para fumar podem ser encontrados em diversos estabelecimentos comerciais e o consumo, sobretudo entre os jovens, tem aumentado. Com aroma e sabor agradáveis, os cigarros eletrônicos chegaram ao mercado com a promessa de serem menos agressivos que o cigarro comum. No entanto, a maioria absoluta dos vapes contém nicotina, droga responsável pela dependência e que, ao ser inalada, chega ao cérebro entre sete e 19 segundos, liberando substâncias químicas que trazem sensação imediata de prazer.
Em meio à espera do resultado da consulta pública sobre a liberação do uso dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), o pneumologista e diretor da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Dr. Guilhardo Fontes Ribeiro reforça a importância da manutenção da negativa quanto à liberação da comercialização, importação e propagandas de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar.
Ele explica que são necessárias medidas mais rigorosas para fiscalização e punição de violadores desta resolução e ressalta a preocupação com o aumento do uso desenfreado desses dispositivos, em especial entre os jovens. Segundo o especialista não existe alternativa saudável para a prática do tabagismo.
“Os cigarros eletrônicos, que são apresentados como uma alternativa ao fumo, são também compostos por nicotina e causam dependência da mesma maneira. Outro que pode ser tão ou até mais prejudicial para a saúde é o narguilé. Cada sessão deste instrumento corresponde a 100 cigarros fumados”, detalha. Além disso, o compartilhamento de narguilés é um fator muito preocupante, pois também pode contribuir para a disseminação de diversos vírus.
O diretor da Associação Bahiana de Medicina explica que não existe risco reduzido quando o assunto é tabagismo. “Cigarro eletrônico nada mais é que uma nova versão do cigarro antigo com a tecnologia incorporada, mas com a intenção de vender a mesma droga. A maioria destes produtos aquecidos contêm nicotina. Ao inovar para atrair o público jovem, a indústria tabagista aumenta as chances deles se tornarem fumantes de cigarros tradicionais quando adultos”, conclui.
Benefícios ao parar de fumar
Dr. Guilhardo destaca ainda os diversos benefícios que podem ser conquistados com a interrupção do tabagismo, seja com cigarros ou narguilés.
“Em curto período de tempo, a pressão arterial, a frequência cardíaca assim como a temperatura das mãos e pés tendem a voltar ao normal; além do nível de monóxido de carbono no sangue, que se normaliza, e o nível de oxigenação no sangue aumenta”.
Já após 24 horas sem fumo, se diminui o risco de um ataque cardíaco, e após 48 horas, as terminações nervosas começam a regenerar-se, inclusive com a melhora do olfato e o paladar. Após cerca de 72 horas, a árvore brônquica torna a respiração mais fácil e a capacidade pulmonar aumenta em até 30%.
“Com o passar dos dias, temos a melhora da circulação sanguínea, com o caminhar se tornando mais fácil. Já em um período superior a um mês, temos a diminuição da tosse, da congestão nasal, da fadiga e da dispneia. Além disso, o movimento ciliar dos brônquios volta ao normal, limpando os pulmões e reduzindo os riscos de infecções respiratórias, aumentando a capacidade física e a energia corporal”, pontua o especialista.
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