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O Brasil tem se destacado no mercado internacional de óleos essenciais. Dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que, no primeiro semestre de 2024, as vendas externas alcançaram US$ 331 milhões, alta de 17,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior, que registrou US$ 282 milhões.
Embora a aromaterapia seja um dos usos mais conhecidos dos óleos essenciais, o MDIC destaca que o alcance desses produtos é mais amplo, com aplicação nas indústrias farmacêutica, cosmética, alimentícia e agrícola. A versatilidade coloca o segmento como uma das grandes forças da bioeconomia brasileira.
Pesquisa da Fortune Business Insights estima que o mercado global de aromaterapia deve alcançar US$ 2,58 bilhões até 2032, com taxa média de crescimento anual de 6,27%. A pesquisa aponta o Brasil como líder da economia de bem-estar na América Latina, movimentando cerca de US$ 96 bilhões só no ano passado.
De acordo com a bióloga, aromaterapeuta e cofundadora da Terra Flor Aromaterapia, Vishwa Schoppan, o Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo, o que se reflete em qualidade e variedade de óleos essenciais.
“O mercado internacional tem demonstrado interesse crescente por óleos puros e de alta qualidade, como os óleos brasileiros de plantas nativas, cultivadas ou extraídas de forma sustentável, garantindo um perfil químico rico e com potenciais únicos”, informa. “Espécies como o Breu Branco, Copaíba, Pau Rosa e Erva Baleeira oferecem composições aromáticas e terapêuticas diferenciadas, atraindo a atenção tanto da indústria farmacêutica, de perfumes e cosméticos quanto de aromaterapia”, acrescenta.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os óleos essenciais mais conhecidos dos consumidores, em geral, são importados, como o óleo essencial de lavanda francesa. Já os de plantas nativas do Brasil mais utilizados são o de pimenta-rosa e copaíba.
Vishwa Schoppan também relata que o país está entre os maiores exportadores de óleos essenciais cítricos do mundo, responsável por 75% do mercado global de suco de laranja, o que coloca o país no topo de produção do óleo essencial de laranja doce. Segundo o MDIC, os Estados Unidos e a Europa concentram a maior parte do consumo.
História, diversidade e usos dos óleos essenciais no Brasil
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a produção comercial de aromas naturais no Brasil começou a ganhar força no início do século XX, inicialmente com base no extrativismo de essências nativas.
A partir da década de 1940, a demanda internacional cresceu devido à Segunda Guerra Mundial, que interrompeu o fornecimento de matérias-primas de outros países para as indústrias do Ocidente, impulsionando uma produção mais organizada no território brasileiro.
Nas décadas seguintes, conforme explica o Sebrae, empresas internacionais produtoras de cosméticos, perfumes e produtos alimentares e farmacêuticos passaram a se instalar no país, contribuindo para a solidificação do mercado interno.
Uso dos óleos essenciais
Ainda de acordo com o Sebrae, são vários os benefícios dos óleos essenciais. O de lavanda, por exemplo, funciona como calmante e diminui o estresse e a agitação. Já o de melaleuca ajuda no tratamento da acne e da caspa, auxiliando no controle da oleosidade.
Também são destacados os efeitos do alecrim para o fortalecimento capilar e combate à oleosidade; capim-limão para a redução do cansaço físico e mental; tangerina para a diminuição da ansiedade e do estresse; e pimenta-preta para a prevenção da calvície e a hidratação de cabelos oleosos. Mas a oferta de óleos no mercado é grande, incluindo óleos vegetais internacionalmente conhecidos, como óleo vegetal de rosa mosqueta.
“A indústria de cosméticos e beleza lidera o consumo de óleos essenciais no Brasil, utilizando-os tanto por suas propriedades aromáticas, quanto por seu potencial dermatológico e sensorial em produtos como perfumes, sabonetes, xampus e cremes hidratantes”, afirma Schoppan.
O potencial de uso vai além da estética e do bem-estar. Segundo Vishwa Schoppan, a crescente demanda por produtos naturais e livres de aditivos químicos sintéticos também amplia o uso de óleos essenciais como aditivos naturais na indústria de alimentos e bebidas, substituindo os flavorizantes convencionais.
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