Crescimento reflete mudança de comportamento do consumidor e atenção ao custo-benefício A compra e a venda de eletrônicos usados têm ganhad...
Crescimento reflete mudança de comportamento do consumidor e atenção ao custo-benefício
A compra e a venda de eletrônicos usados têm ganhado força no Brasil, com destaque para o segmento de celulares seminovos. Durante os primeiros seis meses de 2024, a categoria de eletrônicos e celulares ocupou o topo da lista de produtos mais comercializados na plataforma OLX. Conforme o levantamento publicado pela empresa, o segmento respondeu por 14,2% de todas as vendas de itens usados no período.
Dentro deste grupo, os celulares e smartphones se destacaram como as subcategorias com maior número de negociações, concentrando 12,1% do total de transações realizadas na plataforma.
Este movimento não se restringe apenas a consumidores em busca de preços mais acessíveis. Ainda segundo o levantamento, o aumento na procura por esses produtos evidencia o avanço da preferência por tecnologias de segunda mão, que também favorecem práticas sustentáveis ao estenderem o tempo de uso dos dispositivos.
Além disso, fatores como o encarecimento de dispositivos novos, a alta rotatividade de lançamentos e o avanço das plataformas de revenda podem contribuir para impulsionar o nicho.
Para a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o SPC Brasil, o consumo de produtos usados, incluindo eletrônicos, tem se expandido como alternativa econômica em um cenário de orçamento apertado da população. 33% dos consumidores compraram itens de segunda mão pela internet nos últimos 12 meses, segundo levantamento destas entidades.
Ainda, a segunda mão ganha força por incorporar valores associados à economia circular e à sustentabilidade, segundo análise do Canaltech sobre o comportamento de consumo: 66% dos brasileiros estariam dispostos a modificar hábitos para diminuir impactos ambientais, e 79% consideram responsabilidade social e impacto ambiental itens relevantes na decisão de compra.
Ademais, os canais de venda se multiplicaram. Hoje é possível comprar e vender celulares usados, por meio de marketplaces, sites especializados em recondicionamento e até mesmo redes sociais.
Estes meios ampliaram o acesso e facilitaram o processo de avaliação, negociação e envio dos produtos, garantindo mais segurança para os envolvidos. Com o apoio de garantias, certificações de funcionamento e políticas de devolução, muitos consumidores passaram a ver o mercado de usados como uma alternativa mais barata.
A durabilidade dos componentes e as atualizações de sistema estendidas por parte das fabricantes podem contribuir para reforçar essa tendência. Um celular de dois ou três anos atrás, desde que bem-cuidado, pode oferecer uma experiência de uso muito próxima à de um modelo recém-lançado.
Essa consciência reflete também a preocupação com o impacto ambiental gerado pelo descarte inadequado de lixo eletrônico. De acordo com dados do relatório Global E-Waste Monitor 2020, elaborado pela ONU, apenas 3,6% dos resíduos eletrônicos no Brasil são descartados de maneira correta.
O reaproveitamento de dispositivos, portanto, passa a ser uma estratégia relevante para diminuir esse índice. A revenda de eletrônicos seminovos ajuda a prolongar a vida útil dos aparelhos e reduz a pressão por extração de matérias-primas e fabricação de novos componentes.
Neste contexto, modelos populares de gerações passadas têm ganhado status de escolhas conscientes. A opção por um iPhone 11 roxo usado, por exemplo, une funcionalidade, estilo e menor impacto ambiental, ao prolongar a vida útil de um aparelho que ainda oferece ótimo desempenho.
Além do apelo visual e da confiabilidade da marca, o modelo é visto como uma alternativa que atende perfeitamente às demandas cotidianas, sem a necessidade de se investir valores altos em versões mais recentes.
Logo, o avanço do comércio de eletrônicos seminovos no Brasil está ancorado em fatores concretos, como o custo mais acessível, o reaproveitamento de dispositivos em bom estado, a ampliação das plataformas de revenda e a sustentabilidade.
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