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A Igreja Católica se prepara para um tempo muito importante em sua liturgia: o Tempo do Advento, que é próprio do Ocidente e foi constituído em vista da celebração do Natal.
Com a reforma do Ano Litúrgico, o Advento traz dupla característica: tempo de preparação para as solenidades do Natal, quando se comemora a primeira vinda do Filho de Deus, e a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos. Por esse duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa expectativa.
A cada ano, a liturgia do Advento atualiza essa espera do Messias, levando os fiéis a renovarem o ardente desejo de sua Segunda Vinda. O Advento de Cristo na glória é iminente, embora não nos caiba conhecer os tempos que o Pai fixou com sua própria autoridade. Esse acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento.
Por isso, o Advento não pode ser reduzido a uma mera preparação para o Natal. Destituído da escatologia, o Advento perderia a sua verdadeira identidade. Deixaria de ser um tempo de espera vigilante para se tornar um tempo de nostalgia.
A primeira vinda é caracterizada em seu aspecto de Kénosis (rebaixamento) do Verbo e nela se compreendem não só os acontecimentos pascais da morte e ressurreição, mas também a totalidade da vida e missão do Senhor; e a Segunda Vinda remete-nos ao Senhor que vem, Maranathá, vem Senhor Jesus!
A teologia do Advento considera todo o mistério da vinda do Senhor e revela a dimensão histórica da Salvação, ou seja, Deus quer salvar seu povo. Evidencia fortemente a dimensão escatológica do mistério cristão em vista do Reino definitivo, a vida eterna.
O ponto principal do Tempo Litúrgico do Advento é sua espiritualidade, que nos prepara de forma objetiva para o nascimento de Jesus Cristo: expectativa vigilante e alegre, esperança e conversão.
A expectativa vigilante e alegre se dá pela fidelidade de Deus às suas promessas, manifestada em Jesus Cristo. O Advento é um momento de expectativa alegre na espera do que acontecerá. É momento de extravasar a alegria, pois chegou a salvação para todos os povos.
É também momento de esperança, conforme narra a Carta de Paulo aos Romanos 15,13: “temos um Deus de Esperança”. Perante o vazio em que o mundo se encontra, a Igreja tem o dever de animar, fortalecer e dar sentido à vida, para que assim tenham esperança.
O Advento provoca uma profunda conversão, que nos faz desapegar dos prazeres mundanos, dos bens terrenos e de tudo que desvia do Senhor (cf.Rm 13,11-14). Todos esses elementos devem levar o fiel cristão a uma profunda mística pessoal: “sejam sóbrios e fiquem de prontidão” (1 Pd 5,8-9). No entanto, o Advento é diferente da Quaresma. Na Quaresma é vista a austeridade da reparação do pecado, enquanto no Advento é vista a alegria da vinda do Senhor.
Por fim, o Tempo Litúrgico do Advento impulsiona-nos a assumir a nossa parte no processo de conversão em nossa relação com Deus, com os outros e conosco mesmo, e nos faz tomar consciência dessa verdade. Que estejamos preparados para receber Jesus que vai nascer, com a certeza que Ele já está no meio de nós, e que sua vinda definitiva é certa, para julgar com justiça os vivos e os mortos.
* Padre Ricardo Rodolfo Silva é vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias, na Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP).
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