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Corpo de Pelé é sepultado em cemitério vertical de Santos

Miguel Schincariol | AFP

O corpo de Pelé foi sepultado nesta terça-feira, 3, no cemitério vertical em São Paulo, após um cortejo acompanhado por milhares de pessoas pelas ruas de Santos.

O caixão coberto com a bandeira do Brasil percorreu sete quilômetros no caminhão dos bombeiros depois de sair da Vila Belmiro, onde mais de 230 mil fãs foram se despedir no velório de 24 horas do rei do futebol, falecido em 29 de dezembro, aos 82 anos.

O sepultamento foi realizado a portas fechadas com a presença de familiares no Memorial Necrópole Ecumênica, o cemitério vertical mais alto do mundo, segundo o Guinness, o livro dos recordes.

O corpo de Pelé ficará no primeiro dos 14 andares do edifício, em um mausoléu de cerca de 200 m² que lembra um estádio de futebol, inclusive com um gramado sintético no piso, e imagens do rei ao redor do caixão.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceu à Vila Belmiro na manhã desta terça-feira acompanhado da primeira-dama, Janja, para dar o último adeus ao rei do futebol antes de seu sepultamento.

Pelé "é uma figura muito especial. Não se pode comparar a ninguém, nem como jogador, nem como ser humano, com esse comportamento fino e educado", afirmou Lula. 

"Qualquer homenagem é pouco e pequeno para o que representa, para a história de vida que escreveu. O maior sentimento é gratidão e orgulho", disse ao jornalistas o filho Edinho, atual técnico do Londrina e ex-goleiro do Santos.

Mil gols!

"Mil gols, mil gols, só Pelé, só Pelé, que jogou no meu Santos!", cantaram os torcedores ao longo do percurso do cortejo que saiu da Vila Belmiro até o cemitério, cujo momento mais emocionante aconteceu em frente à casa de Dona Celeste, mãe de Pelé, que aos 100 anos não está consciente da morte do filho.

Da varanda da casa, a irmã de Pelé, Maria Lúcia, acenou para os fãs do rei. Cercada de parentes, mas sem a presença da mãe, a mulher de 78 anos assistiu emocionada à multidão cantando e ondeando bandeiras do Santos.

"A despedida está à altura do que ele merece. Para mim, é o maior jogador até hoje", disse à AFP Renê Rodrigo da Silva, um psicólogo de 29 anos que viajou de Taubaté, a 200 quilômetros de Santos.

Katia Cruz, uma santista de 58 anos, pretendia acompanhar o cortejo de moto, depois de ter esperado por quatro horas para entrar na Vila Belmiro, onde aconteceu o velório.

"Tinha muita, muita gente. Foi muito lindo. Ele merece". "Foi o rei", mas também "uma pessoa muito boa, com os pés no chão (...) tinha uma humildade que os jogadores de hoje em dia não têm", disse Kátia, cujo marido ficou em casa porque estava "inconsolável".

Novas homenagens

O sepultamento deu fim, oficialmente, a vários dias de luto no Brasil, que deve três de suas cinco Copas do Mundo ao eterno camisa 10, autor 1283 gols em 21 anos de carreira jogando pelo Santos, New York Cosmos e Seleção Brasileira.

Também estiveram presentes na Vila Belmiro familiares, ex-jogadores e dirigentes do futebol, como os presidentes da Fifa, Gianni Infantino; da Conmebol, Alejandro Domínguez; e da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Infantino afirmou que a Fifa pedirá "a todas as federações no mundo inteiro, os 211 países, que batizem um estádio de cada país com o nome de Pelé, porque os jovens têm que saber e lembrar quem ele era".

A proposta se soma a outras homenagens ao rei do futebol: a avenida que circunda o estádio do Maracanã passará a se chamar a partir de quarta-feira Avenida Pelé, informou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

AFP - Via A Tarde

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