De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 25 milhões de crianças estão com as vacinas atrasadas e o Brasil está entre os dez países com maior quantidade de crianças não imunizadas. Esses números vêm deixando a população, em especial os pequenos, mais vulneráveis a doenças que já estavam eliminadas no País, como poliomielite e sarampo, por exemplo.
No último ano, apenas 68% das crianças foram vacinadas com a BCG, 69% contra à paralisia infantil e 78% com a primeira dose da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola). “O ideal seria uma adesão acima de 90%. Os atuais números impactam significativamente a prevenção de doenças, pois essa imunização ajuda a prevenir enfermidades potencialmente graves de forma eficaz e rápida, visto que estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos protetores específicos”, explica o Dr. Daniel Jarovsky, pediatra, infectologista e assessor médico em Imunização do Grupo Fleury, detentor da Diagnoson a+ na Bahia.
As causas para a queda são multifatoriais e muito se deve ao fato da pandemia da COVID-19 ter instaurado uma rotina de distanciamento e isolamento social, interrompendo consultas e atendimentos médicos não-urgentes. “O pediatra tem um papel fundamental como educador dos pais e das crianças, por isso, as consultas de rotina são tão importantes – é o momento de tirar dúvidas, conferir a situação vacinal e ter acesso a vários cuidados”, ressalta o médico.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é considerado um dos mais abrangentes do mundo e inclui as vacinas essenciais para cada idade. Para as crianças, temos a BCG, hepatite A e B, penta valente (que age contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b), poliomielite inativada, pneumocócica, rotavírus, meningocócica C, influenza, febre amarela e tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba).
Entre os adolescentes, as vacinas contra o papilomavírus humano (HPV) e meningite meningocócica ACWY, dupla adulto (que reforça a proteção contra difteria e tétano) são muito importes – e necessitam dos reforços adequados. No Brasil, o imunizante contra o HPV é indicado para meninas e meninos com idades de 9 a 14 anos, mas os dados de adesão também preocupam os especialistas. Segundo o Ministério da Saúde, o índice está em 70% para público feminino e 50% no masculino.
“Estima-se que haja aproximadamente 10 milhões de pessoas com HPV no Brasil. Nesse caso, a imunização é necessária para quebrar a cadeia de transmissão do vírus, que pode resultar em câncer de pênis, vulva, vagina, reto e ânus, cabeça e pescoço e, principalmente, de colo do útero. Nem sempre essas infecções levam ao câncer, mas praticamente 100% dos casos de câncer de colo uterino são causados pelo HPV. Essas graves complicações poderiam ser facilmente evitadas com a maior adesão às vacinas”, destaca o Dr. Jarovsky.
Adolescentes de 11 e 14 anos, de ambos os gêneros, também podem ser imunizados contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A, C, W e Y, que podem acarretar morte ou sequelas como surdez, perda de membros e convulsões. “A vacinação contra a meningite é recomendada rotineiramente no primeiro ano de vida, aos 3 e 5 meses, com um reforço aos 12 meses, além da vacina conjugada quadrivalente (ACWY), tomada na adolescência, com reforços que podem variar conforme a recomendação das principais sociedades médicas”, informa o médico.
O especialista aproveita para enfatizar que os avanços da medicina ajudaram a reduzir expressivamente e, até mesmo, eliminar a incidência de algumas doenças. Tudo isso com a vacinação adequada, que deve ser realizada da infância à vida adulta. “Os imunizantes desempenham um papel fundamental na defesa do organismo contra diversas enfermidades. Assim, tanto do ponto de vista de proteção individual quanto de saúde coletiva, a vacinação é muito valiosa”, finaliza o Dr. Jarovsky.
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