Ticker

6/recent/ticker-posts

Banner

Oncofertilidade: médico explica como beneficiar milhares de pacientes com câncer em idade reprodutiva


No passado, o objetivo maior de um tratamento de câncer era a cura completa da doença, muitas vezes às custas de sequelas irreparáveis à saúde, gerando uma grave perda na qualidade de vida dos sobreviventes, seja no âmbito físico, mental ou social – pilares estes que constituem o bem-estar individual. Estima-se que o prejuízo à fertilidade possa afetar entre 25% e 60% dos pacientes com câncer, decorrente da própria doença ou pela terapêutica oncológica instituída.  

Hoje, o objetivo do tratamento é muito mais amplo, pois visa, além da cura, a manutenção da qualidade de vida nos seus mais variados aspectos, incluindo a possibilidade de constituição de uma família, uma forma de expressão máxima de plenitude da vida para muitos pacientes pós-tratamento oncológico. A oncofertilidade é a especialidade médica focada na manutenção do potencial de fertilidade futura da população de homens e mulheres em idade fértil e portadora de alguma doença oncológica. 

Ao levarmos em consideração o câncer de mama, a neoplasia com maior incidência nas mulheres no Brasil e no mundo, 40% dos diagnósticos são em mulheres abaixo de 50 anos e 10% em mulheres abaixo de 45 anos, ou seja, em idade reprodutiva. Nos homens, o câncer de testículo em sua imensa maioria ocorre na idade entre 25 e 40 anos, também trazendo riscos para a fertilidade masculina. 

“A infertilidade tem sido considerada o efeito colateral a longo prazo mais prevalente do tratamento do câncer, afetando não apenas a parte reprodutiva, mas também trazendo prejuízos para o bem-estar geral por conta da impossibilidade de gerar filhos com a própria genética. Hoje pode-se afirmar que a fertilidade é um componente importante da qualidade de vida e a sua preservação é considerada uma extensão do tratamento do câncer”, afirma o Dr. Daniel Suslik Zylbersztejn, médico urologista PhD em Reprodução Humana do Grupo Fleury, detentor da Diagnoson a+ na Bahia. 

O aconselhamento sobre fertilidade no momento da programação do tratamento contra o câncer ainda não é uma realidade. Muitas vezes, além dos médicos desconhecerem a especialidade, eles e seus pacientes querem iniciar logo o tratamento oncológico com medo de que a doença avance e deixam a questão reprodutiva em segundo plano. Outro ponto é a falta de acesso direto e facilitado a um Centro de Medicina Reprodutiva na maioria dos serviços de oncologia. 

Nesse difícil cenário, cabe ao médico especialista em reprodução humana explicar as possibilidades e as técnicas existentes de preservação da fertilidade de acordo com as particularidades de cada paciente. A criopreservação de espermatozoides, o congelamento de óvulos, de embriões e de tecido ovariano são opções disponíveis e clinicamente aceitas para a proteção reprodutiva. “A oncofertilidade surgiu visando beneficiar milhares de pacientes com câncer em idade reprodutiva, porém é necessário melhorar a interação entre os setores de oncologia e medicina reprodutiva para que todo o potencial desta nova especialidade médica seja aproveitado”, finaliza o Dr. Daniel. 

Postar um comentário

0 Comentários