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Aumento da obesidade entre adultos e adolescentes será tema de Congresso em Salvador


O aumento da obesidade entre adultos e adolescentes, bem como a ampliação do acesso aos novos tratamentos e tecnologias será debatido, a partir desta quinta-feira (29), em Salvador, por mais de 2,5 mil profissionais da saúde. A capital baiana será sede do XXII Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

Entre os principais temas a serem abordados estão a ampliação da indicação para a cirurgia bariátrica para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) a partir de 35 kg/m², sem a presença de qualquer doença e para pacientes com diabetes fora do controle e IMC maior que 30.

A cirurgia em idosos e adolescentes, bem como a cirurgia robótica, dietas para pacientes veganos, compulsão e as técnicas mais eficazes para determinados tipos de pacientes estão entre os temas. A programação inclui mais de 220 mesas redondas, 273 palestrantes, sendo 13 internacionais, 5 cursos e 3 simpósios.

 

Obesidade no Brasil e na Bahia

O aumento da obesidade - especialmente após a pandemia - tem preocupado especialistas em todo o mundo.

Os dados mais recentes apontam que cerca de 88,1% da população terá sobrepeso ou obesidade até 2060.

Já os gastos, diretos e indiretos com as doenças associadas à doença, estão estimados em US $218 bilhões. Um novo estudo, publicado na revista científica BMJ Global Health, avaliou os impactos econômicos do excesso de peso em 161 países. 

A estimativa dos pesquisadores é de que esse montante representará 4,66% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2060, o 48º maior percentual entre os países analisados. De acordo com o estudo, em 2019 a prevalência de sobrepeso e obesidade no Brasil era de 53,8% da população e gerava impacto econômico de US$ 37,1 bilhões (cerca de R$190 bilhões).

"A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica tem buscado ampliar o acesso ao tratamento precoce para pacientes, antes que o excesso de peso resulte em outras doenças mais graves como esteatose hepática (gordura no fígado), cirrose hepática não alcoólica, problemas nas articulações e outras", afirma o presidente da SBCBM, Fabio Viegas.

Outro estudo recente, o Diet & Health Under Covid-19, que entrevistou 22 mil pessoas de 30 países, em 2021, identificou que foram os brasileiros os que mais ganharam peso durante a pandemia de COVID-19. Aqui, cerca de 52% dos entrevistados declararam ter engordado. A média global é de apenas 31%. Ainda segundo a pesquisa, os brasileiros ganharam, em média, cerca de 6,5 quilos neste período.

 

Número de Cirurgias bariátricas 

Paralelamente ao aumento da obesidade, durante a pandemia, houve uma queda no número de cirurgias bariátricas no Brasil, devido a suspensão dos procedimentos. Com isso, muitos estados tiveram suas filas de espera ampliadas.

Nos últimos cinco anos foram realizadas 311.850 mil cirurgias bariátricas pelos planos de saúde e pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Destas 252.929 cirurgias, segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), foram realizadas através dos planos e 14.850 foram feitas de forma particular. Deste total, 44.093 procedimentos foram realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde), sendo apenas 115 procedimentos realizados na Bahia neste mesmo período, conforme dados do DATASUS.

 

 

Diferencial

No estado baiano existem serviços diferenciados de cirurgia bariátrica, sendo um pela rede estadual e outro pela rede municipal. Um dos precursores da cirurgia bariátrica na Bahia, o cirurgião Marcos Leão Vilas Bôas, alerta para o fato que a cirurgia por videolaparoscopia, incorporada apenas no ano passado pela rede pública, representa um grande avanço para a população.

"Desde 1999 realizamos a cirurgia por vídeo, enquanto no sistema público era feita de forma aberta. A incorporação desta tecnologia para o paciente do SUS é fundamental, tendo em vista a sua rápida recuperação e menores índices de complicações", reforça Marcos Leão.

O Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (CEDEBA) - Unidade de Referência Estadual do SUS, que há 24 anos atua no tratamento da obesidade na Bahia - informa que em 2006 haviam 328 pacientes inscritos no Programa e apenas 3 foram operados. Em 2007 o número de inscritos saltou para 651 e seis foram operados. Atualmente o programa conta com 4 mil matriculados e 750 encontram-se em pós-operatório. O Centro também promove a busca ativa dos pacientes que fizeram a cirurgia mas que abandonaram o retorno com a equipe multidisciplinar.

De acordo com a líder do núcleo de obesidade do CEDEBA, Teresa Arruti, houve uma evolução muito grande no atendimento ao paciente, ao mesmo tempo que também se constata uma maior procura.

"Cada caso é avaliado por uma equipe multidisciplinar individualmente e o paciente passa por avaliações. Antes de ser encaminhado para a cirurgia, o paciente precisa estar apto clinicamente e psicologicamente para esta mudança", explica. 

Divergência nos dados

No entanto, os dados do Ministério da Saúde, via DataSus, apontam a realização de 151 procedimentos no estado nos últimos cinco anos.

Segundo resposta oficial da Secretaria Estadual da Saúde de Salvador, atualmente o Hospital Universitário Professor Edgard Santos, sob gestão do estado, é o único habilitado para realização de cirurgias bariátricas pelo Ministério da Saúde. Neste serviço foram realizadas 45 cirurgias bariátricas entre os anos de 2018 e 2021, sendo seis em 2018; 13 cirurgias em 2019; nove cirurgias em 2020 e 17 procedimentos em 2021.

No entanto, a gestão municipal de Salvador está financiando com recursos próprios a realização de cirurgias bariátricas no Hospital Municipal de Salvador, que informa ter executado, entre dezembro de 2020 e agosto de 2022, 352 cirurgias bariátricas.

Ambas as secretarias de saúde, do estado e do município informaram que não possuem registro formal da fila de pacientes que aguardam a cirurgia bariátrica. “Não existe fila de espera para cirurgia bariátrica, visto que no núcleo de obesidade do CEDEBA os pacientes são liberados e encaminhados para a cirurgia bariátrica à medida que são avaliados e preparados pela equipe multidisciplinar do núcleo de obesidade", informa o documento.

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