O diagnóstico do câncer de próstata evoluiu muito nos últimos anos. Uma das técnicas mais avançadas para confirmar a doença, a biópsia prostática combinada com fusão de imagens, chegou à Bahia em 2019, quando urologistas do grupo URO+ Urologia Avançada e Cirurgia Robótica começaram a oferecê-lo. O projeto, idealizado pelo urologista Augusto Modesto e também executado pelo urologista Dr. André Costa Matos, já soma quase 100 casos realizados. A principal vantagem da inovação é a maior precisão no diagnóstico, principalmente de câncer clinicamente significante. Pacientes que apresentam taxas elevadas de PSA (Antígeno Prostático Específico) e/ou nódulos suspeitos no exame de toque retal , ou até alterações suspeitas na ressonância multiparamétrica da próstata, podem ter indicação para realizar o procedimento.
De acordo com o urologista e mestre em oncologia, Augusto Modesto, neste tipo de biópsia, as imagens da ressonância magnética multiparamétrica da próstata se fundem às do ultrassom transretal para teleguiar a retirada de fragmentos das áreas suspeitas do órgão, que serão analisados. Desta forma, a punção é feita em regiões onde, nas imagens, aparecem áreas suspeitas. Além disso, punções sistemáticas são realizadas.
“A biópsia transretal realizada sem o software de fusão de imagens é feita de forma aleatória, o que significa que quando o médico está realizando o procedimento pelo ultrassom não vê a lesão na próstata. Por isso, ele colhe sistematicamente fragmentos que podem não conter uma amostra do tumor, mesmo que o paciente o tenha. Outra limitação é que o fragmento biopsiado pode conter apenas uma área menos agressiva do câncer de próstata, o que acaba não ajudando muito na definição do melhor tratamento”, frisou o especialista.
Maior assertividade – Por retirar principalmente fragmentos localizados em regiões da próstata onde a ressonância magnética identificou nódulos suspeitos, as chances da biópsia prostática combinada com fusão de imagens confirmar o diagnóstico de um câncer clinicamente significante é muito maior, ao contrário de quando se faz biópsias aleatórias, apenas. “Uma biópsia assertiva minimiza custos, riscos e a ansiedade do paciente, além de facilitar a escolha de um tratamento personalizado com mais chances de sucesso”, destacou Augusto Modesto.
O médico faz questão de frisar que a biópsia é um procedimento invasivo que pode originar complicações, desde pequenos sangramentos retais e uretrais, febres e infecções urinárias até uma infecção generalizada, com risco de morte. “Por esta razão, os médicos urologistas e radiologistas qualificados para este tipo de procedimento precisam estar preparados para tratar esses e outros possíveis efeitos adversos”, acrescenta. Entre as providências e cautelas para evitar infecções e minimizar os riscos do procedimento, destacam-se o uso de antibióticos antes e após o procedimento, conforme protocolo estabelecido.
Tratamentos – Para tumor localizado, que só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos, cirurgia, radioterapia e até mesmo observação vigilante, também conhecida como vigilância ativa (em algumas situações especiais), podem ser oferecidas como opções. Doença localmente avançada pode requerer radioterapia e/ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal. Para doença metastática, quando o tumor já se espalhou para outras partes do corpo, o tratamento mais utilizado tem sido a terapia hormonal. A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um.
Sobre a doença – No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida. A minoria desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podem levar à morte. A maioria, porém, cresce de forma tão lenta que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem.
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