Faltam oito meses para as eleições, mas algumas certezas já podem ser confirmadas, entre elas o fato de que o brasileiro valoriza cada vez ...
Faltam oito meses para as eleições, mas algumas certezas já podem ser confirmadas, entre elas o fato de que o brasileiro valoriza cada vez mais a democracia. Essa é uma das conclusões da última pesquisa IPESPE XP AVALIAÇÃO PRESIDENCIAL — ELEIÇÃO 2022, que também levantou a intenção de voto para presidente. Segundo a análise do sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, algumas considerações são relevantes:
Em relação às preferência por um governo autoritário “em algumas circuntâncias”, que no ano da eleição passada era de 13% e foi reduzida para 7%, o Lavareda avalia: Enquanto que os descompromissados, para os quais “dá no mesmo” um regime ou outro, que marcavam 23%, agora são 19%. Os que não responderam somaram 7%. Essa opção, largamente majoritária, está longe porém de significar que a maioria se mostre satisfeita com a performance da nossa democracia no momento: 31% se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos, contra 63% que estão insatisfeitos ou muito insatisfeitos com ela. Esse é um bom tema e uma boa discussão para todos os candidatos.
A pesquisa aponta que a percepção do rumo da economia se moveu favoravelmente. Os que opinam que está no “caminho certo” (27%) oscilaram para cima um ponto e os que afirmaram que está “no caminho errado” (63%), recuaram dois. Segundo Lavareda, o saldo negativo variou de -39 para -36. Dólar em queda e Bolsa em alta têm alimentado expectativas otimistas do governo nesse início de ano.
No estudo publicado hoje, apesar das projeções oficiais, 63% dizem que a inflação vai aumentar nos próximos meses. O sociólogo comenta que analistas e o Banco Central apontam a evolução dos preços nesse 2022 em um patamar próximo à metade dos mais de 10% oficiais do ano passado, que foram duramente percebidos de forma quase unânime pela população, 71% acusando que “aumentaram muito” e 25% que “aumentaram”. Contudo, a questão é como essa possível redução será sentida pela sociedade. Em janeiro, a inflação recuou em relação a dezembro, entretanto ainda foi a maior do período em seis anos. Esse tema está no centro do debate eleitoral mundo afora, na esteira da crise econômica provocada pela pandemia. Utilizado pela esquerda e pela direita francesas na campanha da sucessão presidencial em abril. Nos EUA, é considerado a principal arma da oposição republicana para reconquistar o controle do Congresso nas eleições intermediárias de novembro.
A pesquisa revela que a avaliação do presidente oscila positivamente — ótimo/bom vai de 23% a 24% e ruim/péssimo, de 55% para 54%. Em seus comentários, o professor Lavareda diz que Na medição dicotômica, a Aprovação sobe dois pontos, voltando ao nível de novembro (31%), enquanto a Desaprovação não se mexeu, repetindo os 64% da medição anterior. As oscilações registradas merecem crédito, independente de estarem teoricamente situadas na margem de erro da pesquisa, uma vez observados outros aspectos que interferem ou se relacionam com essa leitura. A exemplo da avaliação positiva (“O/B”), específica do presidente no enfrentamento da crise sanitária, que cresceu de 20% para 23%, e sobretudo da mudança sensível na percepção do noticiário negativo sobre o governo, que recuou de 58% para 51% em duas semanas.
Os dados apontam que somam 68%, quase sete em cada dez eleitores, os que afirmam seu interesse pela eleição, sendo que 52% têm “muito interesse”. Resultado: 69% já citam candidatos na questão espontânea (formulada do modo adequado, padrão: se a eleição para presidente fosse hoje, em quem o Sr / Sra votaria?). Lula e Bolsonaro cresceram um ponto cada um. O primeiro alcançou 36%; o segundo, 24%. Sérgio Moro e Ciro empatam nesse quesito com 4% e João Doria completa o quinteto mencionado, com 1%.
Na pesquisa realizada, em relação à intenção de voto estimulada, lLula oscila um ponto para baixo (tem 43%). Bolsonaro, um ponto acima (25%), Ciro e Moro estacionam empatados com 8%. Lavareda avalia que Doria também ganha um ponto e chega a 3%. Simone Tebet tem o mesmo 1% da rodada anterior, número igual ao obtido por Janones, na lista pela primeira vez. Rodrigo Pacheco e Alessandro Vieira dessa vez não pontuaram.
De acordo com o estudo, Lula continua a liderar com folga o segundo turno: 54%X 31%, BOLSONARO; 51%X 31%, MORO; 50% X 24%, CIRO; 53%X18%, DORIA. Segundo o pesquisador, nos demais cenários não há grandes alterações, salvo uma que chama atenção: a liderança de Moro sobre Bolsonaro que era de sete pontos (35% X 28%) mês passado, agora praticamente desapareceu (32% X 30%).
O resultado do segundo turno em grande medida será função das diferentes taxas de rejeição dos adversários.
“Eu sempre lembro que os franceses, que fazem essa “segunda volta” há mais tempo que nós, costumam dizer que na disputa final não se trata do candidato que “ganha” mas sim daquele que “perde”. Para quem se interessa por eleições, sempre é bom estar de olho no sobe e desce da rejeição “integral” dos principais e mais conhecidos competidores, verificada a partir das respostas às questões de probabilidade de voto em cada um deles, e não nas citações diante da lista de nomes, que permitem medir apenas o “topo” dela. Nesse levantamento, comparado com o anterior, os eleitores que declaram que “não votariam de jeito nenhum” nos cinco principais postulantes, foram, em ordem decrescente: Bolsonaro, 62% (antes, 64%); Dória, 59% (antes, 57%); Moro, 55% (antes, 53%); Ciro, 45% (antes, 42%); e Lula, 43% (antes, 43%)”, completa Antonio Lavareda.
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