Entre 14 a 26 de março, pela Plataforma FEBRACE Virtual , estarão em exposição 497 projetos finalistas da 20 ª edição da Feira Brasileira ...
Entre 14 a 26 de março, pela Plataforma FEBRACE Virtual, estarão em exposição 497 projetos finalistas da 20ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) — a maior mostra nacional de projetos científicos. Neste ano, participam 1081 alunos do ensino fundamental, médio e técnico de 333 escolas de todo o Brasil. Mais da metade deles, 65%, são alunos de escolas públicas. Confira abaixo alguns destaques da mostra.
Drone socorrista: O tempo é crucial no socorro às vítimas de picadas de animais peçonhentos. Em Fernandópolis, no interior paulista, por exemplo, praticamente só a Santa Casa dispõe de soros antiveneno. Ou seja, muitas vezes é preciso transportar de carro o medicamento até a Unidade Básica de Atendimento onde está a vítima. Uma solução engenhosa, feita por três alunos da ETEC de Fernandópolis, consegue agilizar esse transporte. Os estudantes Eloy Businaro Masquio, Ana Julia Casale de Andrade e Augusto Eredia Aiello Gazola construíram um drone que faz a entrega do soro, de forma autônoma, guiado por GPS. A caixa onde fica o medicamento tem sensor para controle da temperatura do medicamento. Em média, o tempo no transporte ficou 75% menor.
Relógio ecológico: Estima-se que as baterias de relógios representem 1% do lixo comum. Parece pouco, mas seu descarte incorreto gera resíduos químicos, como lítio, cobalto e manganês, que, quando acumulados, são nocivos ao meio ambiente e à saúde humana e animal. O estudante Vinícius Ribeiro de Moraes, da Matriz Educação do Rio de Janeiro, desenvolveu um sistema alternativo, viável e ecologicamente correto, para substituir as baterias. Usando conhecimento em Ciências de Materiais, Matemática e Física, ele criou um nanofilme e um microcircuito que, acoplados ao relógio, geram energia a partir da diferença da temperatura corporal e do ambiente, fazendo o relógio funcionar. Vinicius pretende patentear a invenção e para tanto já está fazendo testes para avaliar sua resistência em condições adversas.
QR Bode: Este é o nome de um invento criado por duas alunas da Escola Estadual Sérvulo Pereira de Araújo Ensino Médio, de Lagoa Nova (RN), para resolver um problema específico da região: garantir a identificação dos bodes. Sim, no Rio Grande do Norte, ao lado do Ceará e da Paraíba, há muitos rebanhos deles. O problema é que esses animais se caracterizam por serem furtivos. Volta e meia um escapa. E como identificar o fujão? As estudantes Graziela da Silva Bezerra e Maria Carolina da Silva Fernandes tiveram uma ideia simples e genial: usar o plástico de garrafa pet para envolver miniplacas com QR Code. Ao fazer a leitura do código com o leitor de uma câmera de celular, é possível acessar todos os dados do animal — inclusive raça, idade, vacinas tomadas etc. Mas e a marcação a ferro quente e o corte de orelha, já não resolvem o problema? “Sim, mas são procedimentos que podem causar infecção no animal”, justifica Graziela.
Tchau pobreza menstrual: O problema está mais perto do que se imagina. Numa conversa, a estudante Camily Pereira dos Santos, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, campus de Osório, descobriu que sua mãe, quando adolescente, não tinha acesso aos absorventes de menstruação. Foi o empurrão que ela precisava para tocar em frente uma pesquisa que resultaria em um absorvente de baixíssimo custo e ecologicamente correto. Junto com a colega Laura Nedel Drebes, elas conseguiram desenvolver o protótipo do produto. Em resumo: o algodão foi substituído por resíduos da agroindústria (fibra do caule da bananeira e do açaí de juçara), o bioplástico que envolve o absorvente foi feito com resíduos de cápsulas de medicamentos da indústria nutracêutica) e o invólucro foi feito de retalhos de tecidos das costureiras locais. O produto final tem poder de absorção muito maior, segundo Camily, e é 95% mais barato do que o comercial (R$ 0,02 a unidade), já incluídos os custos diretos e indiretos da fabricação. “Não queremos parar por aí, nossa meta é criar uma cooperativa para a produção do absorvente”, diz Camily.
Inclusão de autistas: As estudantes Graziella Silva Viana Doche e Maria Clara Gomes Vieira, do Instituto Federal de Brasília — Campus Gama, se sentiam incomodadas sempre que viam um colega com autismo acompanhar as aulas em uma classe separada. Motivo: dependendo do grau, o autista não suporta muito barulho, como o de uma sala de aula cheia de estudantes. Foi então que entraram no laboratório para desenvolver um app que promete acalmar o autista, permitindo, ao mesmo tempo, que acompanhe as aulas ao lado dos colegas. Funciona assim: o professor pluga um microfone no celular, acessa o app, cria uma sala e gera um QR Code correspondente. O aluno, por sua vez, pluga um fone de ouvido no celular, acessa o app, capta o código e entra na sala. Pode então ouvir tudo o que o professor diz, sem nenhum ruído extra. O app se encarrega de filtrar e eliminar os barulhos paralelos.
Bioacrílico: Bioplástico todo mundo já ouviu falar, mas e o acrílico ecológico? Pois foi isso o que fez a estudante Ana Beatriz de Castro Silva, do Centro Educacional Arteceb, de Imperatriz (MA). Usando conhecimentos de Biotecnologia, ela desenvolveu um acrílico a partir da película que envolve a polpa do buriti, palmeira típica do cerrado. E mais: ela criou um plástico resistente a partir da casca da planta, com o qual fez um revestimento para piso e parede; e um biofilme a partir da polpa. Próximo passo? Ela pretende desenvolver pele artificial com a mesma matéria prima. “Não quero parar, quero que realmente essa pesquisa vire um produto e beneficie a sociedade”, diz.
Alento à paralisia cerebral: Pessoas com paralisia cerebral, que têm dificuldade de locomoção em grau 1, 2 ou 3, enfrentam uma grande dificuldade. Os músculos da perna simplesmente não funcionam o suficiente para que possam dar um passo firme. O estudante Vítor Daniel Duarte, da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo (RS), via essa limitação de perto, por ter um primo nessas condições. A ideia de amenizar o problema surgiu com o colega Davi Schneider. Com a ajuda de seu orientador e de um fisioterapeuta, eles criaram um sistema composto por eletrodos, sensor e giroscópio que, acoplados na perna do indivíduo, geram pulsos que estimulam os músculos e o movimento das pernas. Próximo passo? Fazer testes de segurança e validar a invenção em testes clínicos. Eles já estão encaminhando documentos para os órgãos reguladores com essa finalidade.
App para pressão arterial: Não tem nada igual nas lojas de aplicativos, mas poderá ter em breve. Trata-se de um projeto de aplicativo para monitorar a pressão arterial. E faz isso de um jeito bem inovador: ao mirar o leitor da câmera do celular para o dedo, o sistema “lê” as nuances de luz emitidas pelo sangue na pulsação cardíaca. A partir daí, uma rede neural estima a pressão. Tudo em apenas 20 segundos. Os estudantes Vladimir Simões da Luz Junior e Marcos Augusto Flôres, da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo (RS), já validaram a eficiência do invento comparando os resultados com os de um medidor convencional. Margem de acerto? Mais de 95%.
Fitoterápico à prova: Flores do sabugueiro-do-brasil, uma planta nativa daqui, são usadas em chás contra uma série de doenças — gripe e resfriado são algumas delas. A literatura científica já indicava o poder antioxidante da planta, mas havia lacunas. Foi assim que três estudantes da Etec Raposo Tavares, da capital paulista, decidiram estudar mais a fundo o assunto. Giulia Luciano de Sousa, Caroline Marielli Garcia dos Santos e Arthur Domingues Lacerda fizeram análises de dois flavonoides presentes no chá, por meio de espectrofotometria UV-visível, para saber qual era a concentração deles. Para terem certeza de que estavam seguindo a metodologia certa, estabeleceram parâmetros de validação. Descobriram a concentração da quercetina e rutina, abrindo caminho para novos conhecimentos e, quem sabe, no futuro, um novo medicamento fitoterápico.
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